Caminhava pela praia, aquela praia teria mais a dizer sobre ela do que eu digo agora. Talvez, se tivesse voz, declararia que a viu em vários momentos a correr dos anos. E poderia notar que dessa vez não era uma das mais felizes. Com uma camiseta larga dos beatles e um jeans rasgado na altira dos joelhos ela estava cabisbaixa molhando os pés, e também a barra da calça , nas águas, hoje turvas e movimentadas daquela baía. E observava tão fixamente o horizonte, que não pude deixar de pensar que estivesse hipnotizada. Porém, não me aproximei, aquela figura, não há outro modo de descrevê-la, não parecia querer companhia, ainda mais de um estranho.
Continuei sentado a observá-la. Ela não se moveu durante o que me pareceu uma eternidade, curioso que estava em saber o que ela faria depois, quem sabe até mesmo pensava em falar-lhe quando ela se virasse. Então ela deu mais um passo a frente, notei que segurava uma caneta e um caderno pequeno.Me veio então a mente a terrível idéia que a estranha talvez tivesse a intenção de se suicidar. Decidi que se ela desse mais um passo iria tentar impedi-la, já que depois que tivesse entrado não poderia ajudá-la, visto que era um fracasso em termos de natação.Olhou para os lados. Estavam sozinhos. Ela avançou mais um passo. Agora a água estava nos joelhos dela, mas ela não parecia se importar. Mas já havia tomado sua decisão.
-Ei, você!
Ela virou-se e lhe sorriu:
-Não se preocupe não ia me suicidar..
[continua..]
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