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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Disco Rock- minha versão

Nem o amor mais raro é eterno.  Ao vê-o ali, ela sentiu seu castelo de cartas ruir. Era mentira. Tinha que ser. Seus olhos deviam estar enganados. Não quis acreditar. Lembrou-se dos passeios á beira-mar nos fins de tarde de dezembro. Lembrou-se dos abraços, dos dois, a noite vendo um céu de estrelas infinito a olhá-los com amor. Lembrou-se  de cada beijo, desde o primeiro. Repassou mentalmente a vida dos dois, não viu brigas, nem ofensas, viu só muito carinho, e uma história tão linda, que dava pena, ela sabia, de se ver um fim tão feio, tão triste. Ele a olhou, "Deus como errara!", pensou. Nenhuma justificativa havia, ele olhou para os lados, sentindo-se sujo e covarde pelo que fazia com ela. Não falou, pois só a magoaria mais e por que sabia que não tinha o direito de falar nada. A decisão, por mais triste caberia a ela, ele não ia dizer nada. Lágrimas só. Ele imaginou a solidão, e doeu. Mas ela o perdoou, estavam estremecidos, tudo voltaria ao normal, ele tinha certeza. Afinal ele prometera, e ela perdoou. A vida seguiu, mas nada foi igual. Algum tempo depois, e eles pareciam ter ficado longe demais um do outro, mesmo juntos. A lembrança de que seriam felizes como antes os manteve juntos, na esperança de que ambos poderiam fazer tudo voltar a ser como antes. Só vivemos uma vez, errar é humano, perdoar é divino. Então por que tudo parecia tão distante, até mesmo a felicidade ansiada. Estavam se esforçando. Mas parecia que o quebra-cabeças que os dois estavam montando faltava uma peça, e nunca se encaixava totalmente. A ferida talvez fosse profunda demais, existem certas coisas que depois de quebradas nunca mais devem ser consertadas. A emenda as vezes pode trazer mais dor que um soneto ruim. Nada volta a ser como era antes, e pensar o contrário as vezes só traz mais infelicidade. Por mais triste que seja o fim, ainda sim devemos nos dar conta quando algo está para terminar. Nenhuma história deve ser prolongada depois do fim, pois não existe epílogo que conserve o que já está acabado. E uma hora outra é chegada a hora das despedidas, não importa o quanto acreditamos que é eterno. E ela foi embora, pra nunca mais voltar. Deixou o velhos erros e enganos, mesmo acreditando que havia amor, mesmo achando que seria eterno. Ela percebeu antes dele que não havia conserto para essa história. Ele, ainda acreditava na volta,  acreditava nesse amor. Era eterno.  Mas não notou que os sentimentos são dependentes de nós, que devemos cuidar para que continuem existindo. E o amor deles foi se apagando, por falta de cuidado, por excesso de certeza, por que nenhum dos dois queria dar o braço a torcer, realizar as mudanças necessárias para que este continuasse vivo. Por que não queriam enxergar o que estava ali na frente deles. O amor só existe por que nós o fazemos existir. O amor só, além de não existir, não passa de uma utopia, ilusão daqueles que querem a todo custo um tema para romances irreais. Mas ele não chora, acredita que o tempo, senhor de todas as curas, sabe mais que nós. E tem razão,  tempo faz a gente esquecer de cuidar daquilo que não existe mais. Cura, não só pela fragilidade de nossa memória, mas também pela nossa covardia em correr atrás daquilo pelo qual já não queremos ter tempo. Como as velhas fotografias vão se apagando, o amor se não cuidado, pode ser apagado pelo tempo. A única coisa que não se apaga é a história que vivemos, as culpas e tropeços esses vão sendo esquecidos para que não haja mais dor ao olhar para trás e ver de novo aquela história.



"E ela foi embora
Ela não vai voltar
Ele não acreditou no fim
E o amor foi se apagando assim
Mas ele não chora
E diz: o tempo vai curar
Ela não acreditou no fim
E o amor foi se apagando assim" - Disco Rock / Papas da Língua.


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